quarta-feira, 27 de junho de 2012

Longa jornada e baixos salários afastam trabalhadores do comércio

Reproduzo matéria produzida pela Fecosul que retrata a situação dos comerciários gaúchos.

A Fecosul com apoio dos seus sindicatos realizou pesquisa informal sobre a satisfação de trabalhar no comércio. As respostas não surpreenderam. O salário e a jornada de trabalho dos comerciários são os fatores que mais afetam os trabalhadores do setor. Estes são os motivos de muitos pedidos de demissão, da alta rotatividade no setor e da dificuldade do comércio, em especial os supermercados, conseguirem mão de obra.


A grande maioria que quer sair ou que já saiu do comércio aponta a extensa jornada e a pouca valorização do trabalho como decisivos para a continuação no setor. Principalmente, os que estão em supermercados, e que trabalham domingos e feriados.

Mesmo os que gostam do seu trabalho, do contato com o cliente, se queixam da falta de valorização desta atividade essencial para a economia das cidades, do Estado e do País. Os comerciários ainda citam a falta de vale transporte, a falta de vale alimentação, falta de auxílio creche, de auxílio estudante, entre outros.

Até mesmo quem é demitido não lamenta. “Foi uma boa porque não aguentava mais as condições de trabalho e o pouco incentivo para crescer, relata Janaína Souza de Morais, 20 anos, de Ijuí. “Está demais’, a primeira questão que fez um sair do supermercado foi a financeira, e depois o horário”, disse Marcos Meira, 30 anos, também de Ijuí, que mudou de setor.

Em Carazinho e Região, de janeiro a maio deste ano, foram 132 pedidos de demissão de funcionários de supermercados. "Chegou um tempo que eu decidi que precisava de qualidade de vida. Raramente se tem um sábado livre, quando se trabalha no comércio, então fiz um concurso público e passei”, comemora Vanderlei Assmann, 34 anos, que trabalhou 13 no comércio de Carazinho.

As queixas são as mesmas para todos os entrevistados. Mesmo os que querem continuar no setor reivindicam melhorias e mais valorização do trabalho. É o que dizem trabalhadores no comércio de Santiago, Taquari, Farroupilha, Uruguaiana, Bento Gonçalves, Taquara, ijuí e Carazinho, que responderam a pesquisa.

Dieese mostra a diferença entre comércio e outros setores

Estudo do Dieese aponta que a jornada média semanal do comércio é de 47 horas, a mais alta entre os setores. Esta média ultrapassa em 3 horas, a jornada semanal de 44 horas. E afeta mais os jovens e as mulheres. Os jovens comerciários não podem prosseguir nos estudos e na sua qualificação, quesito muito cobrado na hora de contratar. Já para as mulheres comerciárias, que na região Metropolitana de Porto Alegre são a grande maioria das trabalhadoras do setor e 63% são mães, é difícil conciliar a vida profissional e a familiar com a jornada tão longa. As condições afetam a família toda.



Ao analisar a renda, o Dieese mostra que o salário do comerciário está na frente apenas do setor agropecuário, que tem média de R$ 749,60, e no comércio a média é R$ 797,30. Já na indústria e serviços a jornada é menor, 43 e 42 horas, respectivamente, e os salários de contratação giram em torno de R$ 914,10 e R$ 919,20.

Pedidos de demissão são 33% dos desligamentos no comércio

Conforme o estudo do Dieese, feito pela economista Daniela Sandi, os pedidos de demissão no comércio gaúcho representam 33,4% dos desligamentos. Este índice representa um terço das demissões, ficando abaixo apenas das demissões por iniciativa das empresas que são 45,6%.

Fecosul diz que vai continuar luta pela redução da jornada

Para o presidente da Fecosul, Guiomar Vidor a pesquisa feita com o apoio dos sindicatos, mesmo que informal, mostra a situação dos trabalhadores no comércio do Estado, em especial dos trabalhadores em supermercados. “É preciso que os empresários do setor se conscientizem que os trabalhadores precisam ser valorizados. Que o trabalho aos domingos não dá lucro, não gera emprego, deixa o trabalhador descontente e desagrega a família. Este estudo também fortalece e justifica a campanha do movimento sindical pela jornada de 40 horas semanais", destaca Vidor.

“A Federação vai continuar e aprofundar a luta nas negociações coletivas para que melhorem as condições de trabalho, que melhorem os salários e que haja descanso aos domingos e feriados”, completa o presidente da Fecosul.

“Fica claro que a atividade profissional no comércio começa a deixar de ser interessante. Fica mais claro ainda a necessidade que a classe patronal reveja seus conceitos conservadores. Qualidade de vida é preciso”, defende o presidente do Sindicato dos Comerciários de Carazinho e Região, Ivomar de Andrade (Tomate).

Assessoria de Imprensa Fecosul, com colaboração de Adriano Shöer e Sereno Azevedo.



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Série Plano de Lutas – Fecosul defende participação de dirigentes nas eleições



A Fecosul defende em seu Plano de Lutas, aprovado no 9º Congresso, a participação ativa de dirigentes sindicais no processo eleitoral. Além da participação, deve haver o apoio público a candidaturas comprometidas com as lutas dos trabalhadores em defesa do desenvolvimento de um país mais justo.

Efetivamente dirigentes sindicais fazem parte, ainda, de uma minoria a ocupar cargos eletivos. No entanto, há de se registrar os avanços e as intervenções que os dirigentes sindicais vêm provocando ao longo do processo de redemocratização e de afirmação das grandes bandeiras de luta da classe trabalhadora nos rumos do país. Assim, a Federação busca incentivar nossos dirigentes a tomar frente de cargos em todas as instâncias, seja municipal, estadual ou federal.

O presidente da Fecosul, Guiomar Vidor, destaca que o papel primordial do dirigente sindical é representar de forma eficiente àqueles que representa, ou seja, os trabalhadores de sua base. “Construir uma entidade forte, com uma direção coletiva, que fiscalize as condições de trabalho e que busque mais avanços para categoria”, observa Vidor.

“Agora, um dirigente sindical não pode apenas se ater a isto, precisa estar presente na luta do conjunto de sua classe, onde estão incluídas as mais diversas categorias. A unidade da classe trabalhadora e sua luta de forma coesa é que possibilitem novas conquistas para os trabalhadores”, acrescenta o presidente da Fecosul.

Por outro lado, se observa que a luta dos trabalhadores e suas conquistas, cada vez mais dependem da luta política. Conquistar o reajuste do salário mínimo, 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, terceirização, tudo se decide no Congresso Nacional.

Salário mínimo regional, investimentos em saúde, segurança, educação, dependem da nossa força nas ruas e na Assembleia Legislativa e nas Câmaras de Vereadores. Considerando ainda que são as Câmaras de Vereadores que decidem sobre o horário de funcionamento do Comércio e dos serviços de cada cidade. “Se este raciocínio está correto, podemos afirmar que se tivermos nos governos e no parlamento pessoas comprometidas com a nosso luta, mais fácil vai ser de conquistarmos nossos objetivos. É neste sentido que a Fecosul apontou em seu 9º Congresso, a necessidade de elegermos pessoas de nosso meio comprometidas com as nossas bandeiras de luta. Somente desta forma conseguiremos avançar na construção de um projeto de nação desenvolvida, democrática e que tenha como mola mestra a valorização do trabalho”, enfatiza Vidor.

Segundo o presidente da Fecosul, a eleição de Lula mudou os rumos do país. Vidor observa que muito ainda precisa ser feito, mas ficou patente que com a visão de um trabalhador, podemos dar início a um ciclo de mudanças que não pode parar. “Cada um de nós pode dar a sua contribuição na construção deste novo Brasil que queremos. Nas eleições deste ano, vamos eleger pessoas que tenham compromisso com nossa categoria e com o conjunto da classe trabalhadora”, completa.

Entre os representantes sindicais comprometidos com a luta dos trabalhadores está a segunda vice-presidente da Fecosul e presidente licenciada do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí, a vereadora em Ijuí, Rosane Simon.


Rosane, qual a importância de estar na Câmara representando os trabalhadores?  
Considero fundamental estar na Câmara de Vereadores com essa consciência de classe, pois em grande parte das ações e projetos que analisamos, fizemos esse filtro de ver se beneficia ou não a maioria do povo que são os trabalhadores.


Você acha que os eleitores têm dificuldade de entenderem a diferença de um candidato que vem do meio sindical e que está comprometido com seus interesses? Por quê?
Os apelos e campanhas da grande mídia para denegrir a imagem da política, dos políticos são imensos. Daí dificulta um pouco essa identidade que o eleitor possa ter com seu representante. Mas com o trabalho sério e a divulgação que o dirigente sindical faz via imprensa sindical ou mesmo imprensa local (em especial o rádio no interior), é possível sim atingir parte importante da classe trabalhadora e ter seu apoio.


Qual o papel de um dirigente sindical que ocupa um espaço de poder, seja no legislativo ou executivo?                                                       
Nosso papel é ser fiel ao que pregamos enquanto sindicalistas, ou seja, estar atento e lutar para que se consiga avançar nas conquistas dos trabalhadores e das trabalhadoras. E procurar ampliar sempre a compreensão da sociedade no que se refere a ser parceira da nossa luta.



Assessoria de Comunicação Fecosul

Márcia Carvalho
Marina Pinheiro 
Fotos: Tiago Cidade